Esta postagem faz parte de um projeto pessoal de convidar pessoas especializadas nos mais diversos temas da sexualidade, medicina, práticas de BDSM, enfim assuntos diversos que possam nos ajudar no crescimento pessoal.
E hoje é a vez do Pedro Paulo Sammarco Antunes que é Doutor em Psicologia Social e vai nos falar um pouco obre os fetiches nas relações:
“Fui colunista da G magazine e certa vez, recebi a seguinte pergunta de um leitor:”
Namoro há três anos e nos amamos muito, porém, vivemos a nossa sexualidade de forma diferente. Sou submisso. Eu sou o “escravo” ele é meu “mestre”. Gosto de lustrar suas botas de couro e que ele cuspa e urine na minha boca. Isso nos leva ao êxtase extremo.
Isto é normal?
Ao longo da história o sexo considerado saudável pela religião e ciências médicas foi a penetração pênis-vagina, com o objetivo exclusivo de procriação. Todas as outras formas eram consideradas “inadequadas”. Com a revolução sexual, pílula anti-concepcional e emancipação da mulher, o sexo deixou de ser associado diretamente à reprodução. O sexo anal e oral, por exemplo, deixaram de ser considerados “patológicos”. Porém, a prática sexual que envolve fezes e urina, ainda é considerada uma doença, pois implica contaminação e possível desenvolvimento de doença por causa dos micro-organismos presentes nos excrementos. O objetivo da ciência médica é promover a saúde e a vida.
Há várias explicações para compreender como essa prática proporciona prazer em detrimento ao desprazer. Alguns teóricos defendem que por diversos motivos complexos, o indivíduo associou diretamente sujeira, tesão e sexo. Pode ser exatamente o que relata o dono desse blog (colocar referência). Outros explicam que o ponto central do prazer está em justamente em quebrar ao máximo os limites daquilo que é considerado normal.
A sexualidade humana é algo muito vasto e ainda pouco conhecido. Durante muitos e muitos séculos, a sexualidade considerada saudável era vinculada à procriação e à reprodução da espécie. Qualquer ato sexual que não fosse somente a penetração do pênis na vagina, visando estritamente a geração de mais descendentes, era considerado “anormal”. O conceito de normalidade e anormalidade na sexualidade perdura até os dias de hoje. A prática que você tem com o seu namorado ainda é considerada “patológica” pelos padrões médicos vigentes.
Porém, é importante compreender que toda vez que se estabelece uma norma e um padrão, torna-se muito difícil enquadrar todas as pessoas no que foi estabelecido. O ser humano é diverso e não padrão. Regras existem para organizar, de acordo com interesses e fins determinados. Aquilo que é considerado normal é estabelecido. Os que não se enquadram serão considerados os anormais.
Por alguma razão, algumas pessoas associam o prazer sexual a certos comportamentos, vestimentas e objetos. Só conseguem atingir o orgasmo, se esses “estímulos” estiverem presentes. Grosso modo, isso é dominado de fetichismo sexual. Muitos autores falam sobre esse assunto. Aconselho você a ler o livro Das Maravilhas e Prodígios Sexuais – a Pornografia Bizarra, do antropólogo Jorge Leite Júnior, publicado em 2006 pela editora Annablume. Nele, o autor esclarece, de forma bem compreensível, o assunto em questão.
Outra alternativa é visitar na internet a página, https://revisef65.net/2015/10/11/sm-causas-e-diagnosticos-portuguese/ que trabalha em prol da retirada do fetichismo, do transvestismo e do sadomasoquismo como diagnóstico psiquiátrico da Classificação Internacional de Doenças (CID), publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
SOBRE O AUTOR:
PEDRO SAMMARCO
Pedro Paulo Sammarco Antunes
Doutorado em Psicologia Social pela PUC-SP
Sexólogo, psicólogo clínico e social, autor dos seguintes livros: “Travestis envelhecem?” e “Homofobia internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo”, ambos publicados pela editora Annablume.
DIDÁTICO 036 – DR PEDRO SAMMARCO RESPONDE DÚVIDAS DOBRE SEXUALIDADE – ESCATOFILIA E UROFILIA