PERVERSIDADE E ARTE

A ideia deste texto será analisar artistas que caminharam contra-cultura para expor ao longo dos séculos os “desvios sexuais”, instigando a produção de arte seja ela no cinema, nas artes plásticas, na música ou até mesmo na literatura, provocando a percepção do público e assim divulgando, desmistificando ou até mesmo exorcizando grandes tabus da sexualidade.

Brian Ridley and Lyle Heeter 1979 Robert Mapplethorpe 1946-1989 ARTIST ROOMS Acquired jointly with the National Galleries of Scotland through The d’Offay Donation with assistance from the National Heritage Memorial Fund and the Ar11t Fund 2008 http://www.tate.org.uk/art/work/AR00196

Iremos percorrer sobe a história de obras e artistas sem uma regra cronológica, mas com a intenção de lançar de informação de grandes nomes da produção artística que se colocaram à frente de qualquer preconceito somente em nome da liberdade de expressão e sexual ou somente de uma sociedade primitiva que documenta seu modo de vida em seu tempo.
Iremos da arte rupestre à idade média, da pop art até a música pop de Madonna, da pornografia transgressora dos clipes de Rammstein até as histórias fantásticas e deliciosos de Marques de Sade.

A excitante poesia na fotografia de Robert Mapplethorp

Conhecido como um grande divulgador da cultura gay BDSM a partir de suas icônicas imagens preto e branco e com alto conteúdo homoerótico, Robert Mapplethorp (1946/1989) foi um dos poucos artistas que tiveram a coragem e o poder de escancarar com tanta doçura a perversidade da sociedade em que viveu.

Da sua infância no Queens, durante sua ascenção e sucesso, até sua morte no fim dos anos 80 sendo vítima da Aids, Mapplethorp foi assíduo frequentador da Factory, estúdio de performance artística de Andy Warhol. Estudou música, artes plásticas, escultura mas não terminou seus estudos. Foi casado durante anos com Patti Smith e anos depois se assumiu publicamente homossexual. Após essa fase, delineou sua vida artística, pois vivia no submundo sexual gay mais perverso e radical. Se sua vida artística e pessoal teve várias mudanças, mas foi na fotografia que ele se afirmou como um nome visionário e perturbador.

Conhecido geralmente por imagens em preto em branco com forte teor sexual e conotação sadomasoquista, começou a se expressar com esculturas e colagens de revistas eróticas. Foi muito influenciado por Warhol e Hockney.

Foram clicados por ele grandes nomes como o já citado Andy Warhol, Ricardo Gere, Grace Jones, fotografou para revistas de grande circulação do meio da moda como a Vogue mas somente teve uma grande expressão como artista a partir de 1977, com duas exposições, sendo uma delas dedicada a nus masculinos e ícones BDSM, isso em um tempo onde manifestações artísticas com temas homossexuais estava distante do alcance do público e ainda eram um imenso tabu.

Sua obra confundia o espectador, que hora o entendia como um retratista de imagens nada convencionais com celebridades em poses agressivas, casais em pleno coito, homens nus e outra como participante com seus auto retratos com poses sórdidas.

Assim como outros artistas, Mapplethorp propõe chocar por meio de sua produção artística, com imagens chocantes, agressivas ou até mesmo escatológicas em seu tempo, mas abrem a possibilidade de diálogo em prol de um mundo menos preconceituoso e mais aberto à diversidade sexual.

Skull 1988, printed 1990 Robert Mapplethorpe 1946-1989 ARTIST ROOMS Acquired jointly with the National Galleries of Scotland through The d’Offay Donation with assistance from the National Heritage Memorial Fund and the Art Fund 2008 http://www.tate.org.uk/art/work/AR00223

Derrick Cross 1983 Robert Mapplethorpe 1946-1989 ARTIST ROOMS Acquired jointly with the National Galleries of Scotland through The d’Offay Donation with assistance from the National Heritage Memorial Fund and the Art Fund 2008 http://www.tate.org.uk/art/work/AR00194
Jim, Sausalito 1977 Robert Mapplethorpe 1946-1989 ARTIST ROOMS Acquired jointly with the National Galleries of Scotland through The d’Offay Donation with assistance from the National Heritage Memorial Fund and the Art Fund 2008 http://www.tate.org.uk/art/work/AR00198

        

AUTOR

Texto do escravo nº 1 – DOM BARBUDO

BDSM: CULTURA, SUBCULTURA OU CONTRACULTURA?

Respostas de 4

  1. Fui instigado, graças ao texto a pesquisar mais sobre a vida dele, e por isso fico muito grato.

    Ao que parece uma combinação de fatores foi responsável pelo sucesso que ele viria a ter no final de sua vida. Décadas de 70, início de 80, o vírus visto como sentença de morte, NY quebrada, criminalidade elevada, diferenças raciais gritantes, e no meio de tudo isso um bando de artistas tentando sobreviver.

    Naquela época como fotógrafo, publicamente assumido, doente (dá pra imaginar o medo que os conservadores sentiam dele? se hoje ainda há quem pense que o vírus é transmitido por se beber no mesmo copo), e tendo como foco do seu trabalho imagens tão fortes, o que ele e quem trabalhou ao seu lado fizeram era considerado impossível.

    Há alguns documentários, um deles recente, sobre a vida do artista espalhados por aí. É uma ótima maneira de começar a pesquisar os motivos que tornam a cena BDSM tão organizada no exterior.

    Como curiosidade pelo que pesquisei uma exposição com as obras de Alair Gomes e Robert Mapplethorpe esteve aberta na galeria Fortes D’Aloia & Gabriel até o dia 07 de Outubro do ano passado (2017). Infelizmente sem previsão para futuras mostras no Brasil.

    Obrigado mais uma vez.

    1. Muito obrigado pelo seu interesse, pela construtivo depoimento e por acompanhar meu site.
      Fico MUITO FELIZ em saber que pessoas como você me acompanham e gostam do encontram por aqui.
      Um forte abraço, DB

      1. Dom Barbudo o prazer é de todos nós em acompanhar o trabalho que realizam com tamanha seriedade e responsabilidade.

        Abraços ao Senhor e aos queridos nº 1, nº 2 e nº 3.

        1. Muito obrigado pelo seu comentário! Darei o seu abraço em meus escravos!
          Outro abraço afetuoso para você Neto!

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