COM A PALAVRA – RÊ KESSEL

Apresento-lhe uma das Mulheres que faz parte do time de homenageadas deste ano do Dia da Mulher 2021.

E com a palavra, RÊ KESSEL

Quem é você mulher? Defina-se!
Sou uma mulher que transicionou pra homem aos 38 e aos 48 descobriu o que é gênero não binário.
Sou não binária fluída. Onde minhas expressões de gênero se alternam, ainda não sei muito bem se dependente de algo externo, ou se é só interno mesmo.

Você acredita que as mulheres se dão bem com seus fetiches? E você? Se dá bem com os seus?
Acredito que na grande maioria não. Ainda vivemos numa sociedade onde a maioria das mulheres são controladas pelos pais e depois maridos, isso em termos de mundo, são tantas culturas machistas que privam as mulheres de tudo, só servem pra serem mães e donas de casa.
Eu me dou bem com os meus fetiches, foi uma longa caminhada pra poder dizer isso ao completar 50 anos.

Qual seu maior fetiche ou desejo?
Que o mundo fosse menos cruel.

Até onde você iria para viver de forma saudável a sua liberdade de expressão sexual?
Além do horizonte.

Simone de Beauvoir disse que não se nasce mulher, mas sim que a pessoa se torna mulher. O que isso fala sobre você?
A pessoa se torna o que for conforme vai se conhecendo, convivendo, interagindo, tanto pra expressões libertadoras como praquelas que tolhem, o ser humano é uma expressão social, até nossos desejos mais íntimos têm relações com algo que vivemos antes.

Brené Brown disse que “é preciso coragem para ser imperfeita. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.”
Como foi para você essa jornada de descoberta?
Está sendo uma jornada muito rica, prazerosa, um verdadeiro desafio diário, porém muito dolorosa também, olhar pros próprios demônios é difícil, mas vale muito a pena.

–PARA AS BDSMer,,, continua…

1) o que é ser mulher BDSMer pra você?
Acredita que não parei pra pensar, me defino como sem caixinha, sou não binária e Sw, só percebo que tem muito preconceito a quem não se encaixa nos papéis bem definidos.

2) você acha que a mulher tem um _papel social_ a cumprir dentro do BDSM?
Sim, que pode se libertar das amarras sociais.

3) você acredita que exista desigualdade de gênero no BDSM?
De forma velada sim, a maioria dos discursos se referem ao top e à bottom.

4) você acha que existe sororidade no BDSM?
Pelo o que achei no Google, não vejo muito isso na vida em geral, vejo mais apoio de amigas, mas, infelizmente vejo muita disputa de ego no BDSM também, aí vai de cada um conviver com quem se entende mais.

5) você acredita que existam _mulheres Red Flags_?
Acredito que existam pessoas tóxicas, perigosas, mal intencionadas, não tudo junto, e que isso independe de gênero.

6) você consome conteúdo fetichista *criado e divulgado* por mulheres?
Sim.