COM A PALAVRA – TUY POTASSO

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Apresento-lhe uma das Mulheres que faz parte do time de homenageadas deste ano do Dia da Mulher 2021.

E com a palavra, TUY POTASSO

Quem é você mulher? Defina-se!

Sou a Tuy, uma mulher livre considerada louca por muitas por ter coragem de expor meus desejos e experiências na internet para mais de 1 milhão de pessoas no meu canal no youtube chamado Tuy e Biel.
Desde muito nova sou totalmente aberta a conversar sobre assuntos tabus e hoje tenho como missão de vida libertar outras pessoas dos tabus da sociedade.

Você acredita que as mulheres se dão bem com seus fetiches? E você? Se dá bem com os seus?

Não, com certeza não. Se olharmos ao nosso redor, dentro da nossa bolha, com certeza encontraremos mulheres muito libertas com o próprio corpo e os próprios fetiches, mas saindo um pouquinho é muito comum encontrarmos mulheres que não conhecem nem mesmo a própria vagina.
Se o sexo, que é algo natural e comum a maioria dos seres humanos, já é considerado tabu, imagine um desejo por algo considerado incomum? As mulheres, infelizmente, ainda não têm o direito de viver o que querem sem serem julgadas.
Eu, desde muito cedo, tenho fetiche em ballbusting e mais tarde descobri o CBT. Por muitos anos eu escondi e achava totalmente estranho, até conhecer uma pessoa que gostava e o nome do fetiche, o que me abriu portas para conhecer submissos que gostam de tortura genital.
Além disso, vivencio outros fetiches como menage, knife play, wax play, etc… a lista é bem grande!

Qual seu maior fetiche ou desejo?

Com certeza tortura genital está entre os meus preferidos, mas acho que o que eu mais prático é sexo com 3 ou mais pessoas.

Até onde você iria para viver de forma saudável a sua liberdade de expressão sexual?

Onde eu não posso expressar minha liberdade sexual eu não permaneço. Não conseguiria esconder algo que faz parte da minha natureza (e de todo mundo).

Simone de Beauvoir disse que não se nasce mulher, mas sim que a pessoa se torna mulher. O que isso fala sobre você?

Sim, desde que nascemos há uma grande expectativa sobre quais comportamentos são aceitáveis para uma mulher. Apesar da minha família ter essas expectativas, eles me criaram muito próximo do que chamam de “sem gênero” em muitos aspectos, o que significava que eu podia brincar de carrinho ou usar roupa vista como masculina sem nenhum problema.
Em contrapartida, minha liberdade de ir e vir sempre foi limitada simplesmente por ser mulher. É nascer com um genital que lhe dizem que coloca sua vida em risco, portanto você não pode sair de casa tarde da noite… aos poucos você vai se acostumando e nem questiona mais.
Por isso a importância do feminismo, que mostra aquilo que é nosso e aquilo que é uma construção social do que não podemos ser.

Brené Brown disse que “é preciso coragem para ser imperfeita. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.”
Como foi para você essa jornada de descoberta?

Eu acho que essa jornada nunca acaba porque estamos em constante mudança, então a mulher que eu descobrir hoje será um pouco diferente da mulher que eu descobrir amanhã.
Eu sempre fui muito livre quando adolescente, inclusive com meus defeitos, mas ao entrar na vida adulta me vi me punindo por ser quem eu era com medo de errar e ser considerada um fracasso. Já tentei fugir muito dos meus defeitos, e isso só me prejudicou, então nesse exato momento eu estou nesse processo de entender meus defeitos e abraçar minhas fraquezas mais obscuras.

PARA AS BDSMer,,, continua…

1) o que é ser mulher BDSMer pra você?

É ter coragem de viver o seu desejo.

2) você acha que a mulher tem um _papel social_ a cumprir dentro do BDSM?

Sim. Em uma sociedade dominada pelo patriarcado não seria diferente no mundo BDSM, então participar e impor o respeito necessário mesmo em posições submissas é uma luta social.

3) você acredita que exista desigualdade de gênero no BDSM?

Infelizmente sim. A hierarquia homem-mulher muitas vezes beira o relacionamento abusivo.

4) você acha que existe sororidade no BDSM?

Sim e não. Eu vejo que a sororidade está aumentando, mas ainda prevalece entre mulheres de um mesmo grupo, ou seja, há muito apoio entre as 5 mulheres que são minhas amigas, mas ainda há certa rivalidade entre as outras.

5) você acredita que existam _mulheres Red Flags_?

Sim, em um número menor do que homens, mas existe sim.
Um “bom” exemplo é visto no meio de money slave. Há o mito de dinheiro fácil, então muita gente curiosa e tóxica entra sem nem saber o que está fazendo, causando uma enorme desconfiança de todos os praticantes. Esquecem a dominação e o controle que envolve esse tipo de relação, além de regras básicas como não depender do dinheiro do slave.

6) você consome conteúdo fetichista *criado e divulgado* por mulheres?

Consumo ensaios fotográficos, mas não sou consumidora assídua de conteúdo fetichista.

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