COM A PALAVRA – SRA STORM

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Apresento-lhe uma das Mulheres que faz parte do time de homenageadas deste ano do Dia da Mulher 2021.

E com a palavra, SRA STORM

Quem é você mulher? Defina-se!

Eu sou uma eterna busca de uma mente inquieta! Busco por mim, busco por outras, busco pelas que vieram antes de mim e busco também, pelas que depois de mim virão! Um buscar que se torna incansável e é minha motivação diária. Não tenho compromisso com o erro, e mudo sempre que for necessário e preciso, basta me provar que não estou correta! Mulher séria mas de sorriso fácil, uma cosmopolita amante da natureza. Busco a mesma lealdade que entrego e, luto todos os dias, para que o mundo dos meus, seja mais leve e feliz!

Você acredita que as mulheres se dão bem com seus fetiches? E você? Se dá bem com os seus?

Eu acho que muito já se conseguiu nesse sentido, mas ainda estamos muito longe de ser uma realidade fácil para as mulheres perceberem, entenderem e principalmente lidarem bem com seus fetiches. Quanto a mim, eu me dou bem sim, tive uma “educação de base” boa nesse sentido!

Qual seu maior fetiche ou desejo?

Eu me reconheço como uma pessoa sádica, e com tendência para o sadismo psicológico, então, parte dos meus fetiches ainda não realizados, giram em torno de grandes cenas compostas de Primal e Fear Play. Algumas pessoas podem achar até um combo fácil de realizar porém, como eu detalho bastante o tocante à ambientação, logo, não se torna tão fácil assim!

Até onde você iria para viver de forma saudável a sua liberdade de expressão sexual?

Até onde a segurança da minha vida, do meu parceiro/a, e de todos aqueles que convivamos não esteja em risco. Não acredito nesse discurso simples do “enquanto for são aos participantes”. Quer queiramos ou não, vivemos em sociedade, muitos tem filhos, parceiros, família, trabalhos mais “fechados”, que nada tem a ver com a nossa liberdade de escolha. Obvio que isso não tira de ninguém, o dever de me respeitar, mas não me dá também, em contrapartida, o direito de eu colocar garganta à dentro, daqueles que não possuem as mesmas vivências que eu, tudo que eu estou disposta a fazer e achar que está tudo bem!

Simone de Beauvoir disse que não se nasce mulher, mas sim que a pessoa se torna mulher. O que isso fala sobre você?

Eu nasci no sexo feminino, me reconheci fluída ainda muito cedo, me vi no BDSM também relativamente cedo. Me coloquei academicamente e profissionalmente também cedo. Foram diversos caminhos, todos que começaram muito cedo, que me trouxeram até aqui na criação dessa mulher que hoje conversa com você. Nascer no sexo feminino, não te garante privilégios, muito pelo contrário, então tornar-se mulher é uma luta constante, não por privilégios, mas sim por direitos, por respeito e principalmente, por reconhecimento.

Brené Brown disse que “é preciso coragem para ser imperfeita. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.”
Como foi para você essa jornada de descoberta?

Nem sempre foi, ou é, uma jornada tranquila! Características pessoais, me fazem uma pessoa com uma auto crítica bastante elevada, e em alguns momentos, racionalizar a imperfeição dói. Não acredito em nenhum processo que abrace nossas imperfeições muito distante de um processo de cuidado psicológico efetivo e consciente. Quando a gente se livra de algumas bagagens, com certeza a viagem fica mais prazerosa, mas dai eu te pergunto “quem de nós gosta de esquecer a bolsa no banco da estação do trem?” – não é fácil, e requer muito mais disciplina do que se pensa, mas eu posso garantir que o retorno positivo, é certo!

PARA AS BDSMer,,, continua…

1) o que é ser mulher BDSMer pra você?

É para mim, constante exercício da minha liberdade de escolha de vida. No BDSM eu me reconheço, me guardo, me perco, viajo, dou espaço para o voo do alheio. Sou a algoz e a cuidadora. Sou a linha e o desvio. Sou o pecado e a redenção!

O BDSM para mim, é uma estrutura que faz sentido, e saber me posicionar bem dentro dessa estrutura, me dá a sensação quase de dever cumprido!

2) você acha que a mulher tem um _papel social_ a cumprir dentro do BDSM?

Eu acho que a mulher tem um papel social em qualquer tipo de cultura ou subcultura, sem distinção. O que eu percebo, que é o mais difícil para eu entender, é o posicionamento das motivações de estar no BDSM, que as vezes, para mim, não faz muito sentido. A mulher estar no BDSM, deveria ser um aporte decisório, e não de necessidade.

3) você acredita que exista desigualdade de gênero no BDSM?

Assim como existe em toda a estruturação da sociedade vigente! Mulheres não são tratadas com igualdade!

4) você acha que existe sororidade no BDSM?

Risos! O BDSM é um dos maiores palcos da “sororidade seletiva” que eu conheço! As mulheres se apoiam, desde que seus discursos estejam fazendo eco na voz de outras! Se não se perceber essa igualdade de discurso, se prepara que o cenário muda drasticamente. E como o BDSM potencializa tudo o que o ser humano traz dentro de si, e muito comum vermos as mulheres, ao invés de se unirem, começarem disputas e principalmente com a agressividade entre si.

5) você acredita que existam _mulheres Red Flags_?

Eu acredito que as mulheres podem sim apresentar comportamentos Red Flags, porém, diferentes dos homens, esses comportamentos são muito mais sutis e, as vezes, até imperceptíveis. Mas que eles existem, isso existem sim!

6) você consome conteúdo fetichista *criado e divulgado* por mulheres?

Muito! Eu sou uma eterna incentivadora de mulheres, acredito muito que as mulheres juntas poderiam mudar muitas coisas que acontecem de errado no BDSM, mas infelizmente, eu sei que o cenário não é esse! Eu canso de ver mulheres dizendo as mesmas coisas que homens, e as outras mulheres, promovendo a voz masculina. Isso enfraquece a todas, mas infelizmente, as vezes, o falo fala mais alto!

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