COM A PALAVRA – HARLEEN DE JACK NAPIER

08/03/2021

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Apresento-lhe uma das Mulheres que faz parte do time de homenageadas deste ano do Dia da Mulher 2021.

E com a palavra, HARLEEN DE JACK NAPIER

Quem é você mulher? Defina-se!

Sou harleen, 34 anos, BDSMer praticante, bottom escrava de Sr Jack Napier, profissional de saúde, esposa, mãe. Aprendendo mais sobre mim a cada dia.
Definir-se é uma das tarefas mais difíceis! Encaro a vida com a seguinte frase do Saramago como mantra: “Das habilidades que o mundo sabe, esta ainda é a melhor delas: dar voltas!”

Você acredita que as mulheres se dão bem com seus fetiches? E você? Se dá bem com os seus?

Acredito que muitas mulheres não se permitem buscar o próprio prazer, pois somos condicionadas pela sociedade a sermos castas e com pensamentos puros, muitas vezes reprimimos nossos desejos. E os fetiches geralmente ficam somente no campo imaginário, sendo alimentados pela ficção (novelas, livros, filmes) e imaginação… Demorei um pouco pra compreender e aceitar meus fetiches, mas hoje não saberia viver sem…

Qual seu maior fetiche ou desejo?

Nesse momento, vacina e o fim da pandemia hahahaha

Até onde você iria para viver de forma saudável a sua liberdade de expressão sexual?

Hmmm que pergunta difícil… acho que até um ponto onde minha vida pessoal ficasse exposta… Existe, ainda, muito preconceito com mulheres que buscam o prazer, fetichistas, então…

Simone de Beauvoir disse que não se nasce mulher, mas sim que a pessoa se torna mulher. O que isso fala sobre você?

Nossa isso é uma verdade tão profunda! Principalmente porque somos fadadas desde o nascimento a seguir o estereótipo imaginário de que “mulher de verdade” tem que ser delicada, falar baixo e suavemente, tem que ser sensível e amorosa o tempo todo, tem que seguir o padrão de beleza de revista, que não se pode “confiar num bicho que sangra e não morre”, e quando se é diferente desse padrão, não nos sentimos completas, a alto-estima vai ao pré-sal, tentamos nos enquadrar no molde da “mulher-perfeita-mocinha-de-novela”, até que, finalmente, acordamos desse pesadelo e passamos a entender que somos incríveis e únicas sendo nós mesmas, cada mulher é um universo incrível que não cabe nesse estereótipo ultrapassado. Hoje, com meus 34 anos, acredito que me tornei mulher a partir do momento que comecei a me enxergar e a me amar de verdade, independente da visão dos outros.

Brené Brown disse que “é preciso coragem para ser imperfeita. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.”
Como foi para você essa jornada de descoberta?

Difícil, sofrida, espinhosa, mas muito gratificante. Amo muito a mulher que me tornei, pois lutei muito pra ser ela!

–PARA AS BDSMer,,, continua…

1) o que é ser mulher BDSMer pra você?

É não ter medo de sentir prazer em coisas / situações que antes eu desconhecia, é ter liberdade pra ser eu mesma, pra explorar os desejos mais profundos sem receio do que o parceiro “vai pensar de mim”. Vivenciar o BDSM e suas possibilidades me proporcionou um autoconhecimento que não imagino como teria de outra forma.

2) você acha que a mulher tem um _papel social_ a cumprir dentro do BDSM?

Sim, de compartilhar seus conhecimentos, vivências, ideias e ideais para assim fortalecermos o meio BDSM e fetichista.

3) você acredita que exista desigualdade de gênero no BDSM?

A sociedade em geral é desigual, não seria diferente no BDSM. O fato de muitas vezes as vivências e conhecimentos das mulheres, independente da posição que ocupam, serem questionados ou terem seu valor diminuídos, já demonstra essa desigualdade.