ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS DO CONCURSO MR LEATHER 2018 – KAKE

00Dizem que o KAKE é a personificação dos modelos mais tesudos de um dos mais famosos ícones da Cultura Leather, o TOM OF FINLAND.

Com 42 anos de idade,  1,67m de altura e 83kg o cara tem o corpo todo malhado e desenhado, que aliás, fica mais gostoso ainda quando coberto com o Leather.

Leather que faz parte da sua vida desde muito cedo, tendo como inspiração as botas dos caras da roça. Na cidade esse leatherman ganhou o mundo e hoje vive seus fetiches na sua plenitude, apoiado não por um, mas por dois maridos.

Conheça mais sobre o KAKE nesta fascinante entrevista.

1)  Conte-nos um pouco da sua trajetória no Universo Leather.

Tenho quase 42 anos. Quase todos esses anos usando botas. Fui criado em uma fazenda, no interior do Rio de Janeiro. Morava na roça, onde o couro estava em toda parte: nos estábulos, nos peões, no arreio dos cavalos… e o cheiro do couro entranhando meu corpo todo o tempo.

Fui crescendo, os hormônios aflorando e o couro me cercando de todos os lados: na escola – estudando as guerras mundiais e seus uniformes; no cinema – com Marlon Brando e James Dean; nos romances policiais “giallos” italianos – onde os serial killers sempre vestiam couro. Na adolescência quando todos os amigos adoravam uma revista Playboy, eu tinha a companhia do Tom of Finland e do Kake – meu alter ego (ali eu já estava completamente apaixonado por ele).

Aos 17 anos me assumi gay. E a partir daí, dei início a uma luta por meus ideais, situando-me nos eventos pelo mundo afora, numa época onde a internet engatinhava, e descobrindo que não estava sozinho nessa busca. Daí pra frente foi muito couro e muito aprendizado.

2)  Qual foi a sua motivação para inscrever-se no concurso?

Tenho muito orgulho em ser gay assumido; e até 10 anos atrás em contraponto a isso, poucos conheciam minha paixão pelo couro. Eu guardava muito meus fetiches apenas para mim. Não exteriorizava todo esse tesão. E isso me incomodava muito. Então coloquei tudo pra fora do armário, literalmente: botas, camisas, jaquetas, jockstraps e todos os meus desejos e vontades.

Foi um amadurecimento. O orgulho de conseguir mostrar o que realmente eu tenho no coração me trás uma imensa paz e grande felicidade.

Minha vontade é passar toda essa experiência pra muitos que têm esses mesmos desejos presos dentro do peito, e não possuem referências para ajudar a colocá-los pra fora. Há anos faço muito isso com a ajuda de minhas redes sociais. Muitos vêm até mim buscando esse tipo de ajuda; e tenho certeza que com o concurso posso aumentar muito esse meu alcance, ajudando um número muito maior de pessoas. Ao mesmo tempo que ajudo, aprendo. Já estou crescendo muito sendo candidato, com a certeza que ainda tenho muito que aprender.

3)  Qual a importância do título Mr Leather Brasil para vc?

Ter nas mãos a possibilidade de um canal de comunicação com um raio de alcance muito maior do que eu possuo atualmente, que hoje está voltado para as redes e alguns eventos sociais. Ter o prazer de conseguir ajudar uma parte muito mais considerável não só da nossa comunidade leather, mas também da comunidade LGBT aqui de São Paulo; e de varias outras partes do Brasil e até de outros países também.

4)  O que você pretende fazer pela Comunidade Leather caso ganhe o concurso?

Somar pra todo esse crescimento que já está acontecendo aqui na nossa cidade; e ajudar que isso continue a acontecer. Expandindo esse crescimento a outras capitais, unificando os grupos, como já temos bons exemplos acontecendo entre São Paulo e Curitiba.

Desmistificar a cultura leather, dentro e fora da comunidade LGBT, dando referências corretas do que somos e nossos objetivos; acabando assim com o medo que muitos possuem em consumar seus desejos.

Dar continuidade, numa escala bem maior, nessa minha ajuda em aconselhamentos sobre sexualidade e aceitação.

Difusão de nossa cultura em meios que até então as referências são nulas ou quase nulas: TV, por exemplo.

Expandir nosso cenário, estando sempre de peito aberto, pronto a dar a mão a qualquer pessoa que necessidade de um guia em sua jornada à cultura leather.

5)  Na sua opinião, o que pode ser feito para que a Cultura Leather seja difundida em todo o país?

Principalmente desmistificar todas as referências tortas que existem por aí. Tenho exemplos em casa: possuo 2 maridos; 2 homens gays que tinham ideias completamente  deturpadas sobre a cultura leather. E isso os enchiam de preconceitos.

Hoje, depois da convivência, e tendo referências corretas, tudo mudou.

A unificação dos leathermen de diversas capitais é essencial. Já estamos vendo isso acontecer, tendo eventos onde juntamos vários desses grupos.

Buscar mais credibilidade e maior visão à cultura, difundindo cada vez mais nossos eventos e encontros, conseguindo assim mais difusão em meios de comunicação e redes sociais.

6)  E o que você espera da sua participação no IML?

Mostrar ao mundo que temos leather aqui no Brasil. Alguém de fora ficar assustado quando contamos que por aqui temos algo grande acontecendo na cena, é algo normal atualmente. Isso precisa mudar. Temos que levar nossa cultura até eles, mostrar que não é pequena, que está em crescimento e buscando seu espaço no contexto mundial.

Nossa diversidade, que é algo singular, com certeza devemos expor lá fora.

7)  Qual a sua peça de roupa de couro favorita e por quê?

O estilo leather que mais gosto é o clássico. Há mais liberdade, é mais despojado, mais sexy, peito aberto, lembrando as décadas de 70 e 80, como nas ilustrações de Tom of Finland. Não desmerecendo o estilo mais contemporâneo, o full leather com suas camisas e gravatas, que é sofisticado, requintado e elegante  ao extremo. Por essa minha preferência as peças que mais gosto são as de baixo: uma boa bota de cano alto com uma calça bem apertada. Tudo de couro bem rígido e brilhante. Um dos significados do couro pra mim é a liberdade. Nossa cultura passa muito isso pra mim. Exatamente como meu orgulho em ser gay. Acho muito triste quando dentro da comunidade leather temos modelos que contrariam esse sentimento; onde lutamos contra os preconceitos e os tabus, temos exemplos importantes dentro da cena onde existe censura. Isso é o contrário do que acredito.

8)  Muitas pessoas relacionam o Leather ao BDSM. Você é adepto do BDSM e, se for, qual a sua prática favorita? Conte-nos um pouco da sua experiência nesse quesito. Caso a sua resposta seja não, como você vê esse universo?

Muita gente tem esse conceito errado na cabeça, achando que não é possível existir cultura leather desatrelada a uma cultura sadomasoquista ou de dominação e submissão. Isso existe muito. Eu sou um exemplo disso. Dominação e submissão estão presentes em minha vida o tempo todo entre eu e meus dois maridos.

Mas falando em sadomasoquismo, na prática, não gosto de sentir dor. Pra mim dor é algo oposto ao tesão. Mas tenho um lado sádico muito aflorado. Coitado de quem deseja sofrer em minhas mãos. Falando em fetiches, tenho tantos e são tão fortes, e alguns tão inusitados, que não existe sexo pra mim sem eles.

9)  Agora uma pergunta picante, você já teve alguma experiência sexual envolvendo o couro? Relate-a para seus fãs, com detalhes! E caso não tenha tido ainda, cone-nos, também com detalhes, qual a sua fantasia sexual relacionada ao couro?

Já tive algumas boas experiências. Algumas onde acabei vestido, tendo que limpar todo o meu couro depois, e outras que acabei só de botas; porque tirar as botas nunca!

O que mais me dá tesão na hora são os cheiros. O cheiro do couro, os cheiros que passam virilidade. Rapidamente fico excitado. O sentimento de dominação também não pode estar de fora. Sou muito tranquilo em relação a isso, às vezes domino e às vezes gosto de ser dominado, principalmente estando embaixo de uma farda ou um bom uniforme.

Mas o poder que o couro denota, nada consegue superar. Como se fosse a armadura reluzente de um cavaleiro. O toque da pele no couro proporciona um tesão indescritível.

Fico poderoso, proporcionando segurança e desejos. E sabe algo que nunca pode faltar? O meu piercing Prince Albert ali sempre balançando. Não posso deixar de colocar que sexo sempre seguro!

Uma coisa que sempre me perguntam é se o leather não é desconfortável no sexo ou em outras situações. Sempre respondo que às vezes fica desconfortável sim, mas que isso não é problema algum, porque o couro sempre conforta a alma.

10) Deixe uma mensagem final para os seus fãs.

Só de estar participando do Mister Leather Brasil tenho certeza que já estou ajudando a divulgar e a dar referências corretas a todos os mais de 100.000 seguidores que tenho nas redes sociais, matando todos esses parâmetros errados que temos por aí.

Meu recado é que continuem acreditando no que existe aí dentro do peito de cada um de vocês, e que não desistam de buscar o que o coração de vocês pede. Pode ser ou não uma jornada difícil, mas nunca desista se você tem a certeza de que seus sentimentos são verdadeiros.

Agora um recado pros meus seguidores leathers: dentre os últimos acontecimentos vistos por aí, ao invés de termos divergências e confusões dentro da nossa cena leather, temos que nos unir cada vez mais. Somente andando juntos conseguiremos fazer crescer e concretizar nossos ideais; para assim podermos consolidar algo maior aqui em SP e em outras cidades desse nosso país.x

ENCONTRE O KAKE

Facebook: Rodrigo Di Biase

Instragram: rodrigo_dibiase

BLUF: member 2367

Meus agradecimentos aos fotógrafos RONALDO DONIZETI & MÁRCIO MATTOS

LINK PARA A VOTAÇÃO

 

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