ENTREVISTA COM O FINALISTA DOM ÍCARO – MR/MISS FETICHE BRASIL 2025

INTRODUÇÃO À ENTREVISTA.

Bem-vindos ao palco onde o fetiche se transforma em arte e a diversidade é celebrada com intensidade! Hoje, temos a honra de receber os cinco finalistas do concurso Mr/Miss Fetiche Brasil 2025, que conquistaram seus lugares após performances marcantes na semifinal. Cada um deles trouxe ao palco não apenas talento, mas uma expressão única de suas personalidades fetichistas, explorando temas de submissão, dominação, sensualidade e criatividade.

Nesta entrevista, vamos conhecer mais sobre as inspirações, os desafios e os significados por trás de suas apresentações, além de suas expectativas para a grande final. Esses finalistas não são apenas competidores; são representantes de uma comunidade vibrante, que celebra a liberdade sexual e a autoexpressão em sua forma mais autêntica.

Prepare-se para mergulhar em histórias que vão além do palco, descobrir os bastidores de suas performances e entender o que move cada um desses talentos únicos a buscar o título de Mr/Miss Fetiche Brasil 2025. Vamos começar?

 

Apresente-se com riqueza de detalhes, queremos te conhecer!

Olá, sou Dom Ícaro. Tenho 27 anos, sou Psicólogo por formação e apaixonado pelo estudo da mente humana, da sexualidade humana e das dinâmicas que nos conectam. Vivo no interior de Minas Gerais, cercado pelas montanhas e cachoeiras que tanto admiro, e carrego comigo uma perspectiva especial sobre a vida: acredito na liberdade, na autenticidade e no poder transformador das experiências humanas, incluindo aquelas que exploramos no universo fetichista com nossa sexualidade.

Minha história com o BDSM começou há cerca de 10 anos, e desde então venho explorando, aprendendo e me conectando com essa comunidade que tanto desperta o meu amor. Nos últimos dois anos e meio tenho me aproximado ainda mais da cena Brasileira, participando de eventos, interagindo com outros praticantes e fortalecendo laços que me trazem muita inspiração e propósito. Meu papel como Dominador vai além da prática: é uma extensão do meu compromisso com a autenticidade, o respeito e a busca por uma conexão profunda e significativa com meus submissos.

Trago para o meu trabalho e também para o BDSM uma visão que valoriza o autoconhecimento, a aceitação e a transformação. Acredito que o fetiche é muito mais do que uma expressão sexual; é uma jornada de descoberta pessoal, conexão e liberdade. Dentro da comunidade, luto pela inclusão, pela educação e por espaços acolhedores onde cada pessoa possa se sentir segura para ser quem realmente é.

Além do meu trabalho e das minhas práticas, também sou alguém que se encanta com as pequenas coisas da vida: o brilho de um pôr do sol nas montanhas, o contato com a natureza, uma boa conversa e o aprendizado constante. Vejo a existência como um campo fértil de possibilidades e me esforço para viver de forma plena e respeitosa, sempre buscando contribuir para um mundo mais acolhedor, inclusivo e livre.

Dou as boas-vindas ao meu universo, onde o respeito, o prazer e a transformação andam de mãos dadas. Estou aqui para compartilhar, aprender e construir com cada um de vocês um espaço de liberdade e conexões cada vez mais sólidas e verdadeiras.

 

PERGUNTAS, 

1 – O que é fetiche para você?

Fetiche pra mim é uma orientação da expressão da sexualidade dos sujeitos. Fetiche é o que ultrapassa as barreiras do erotismo exclusivamente genital e passa a acessar excitações para além: outras partes do corpo, contextos e situações, roupas, materiais, objetos, etc.

Além disso, o fetiche atua como uma via de expressão única e pessoal, conectando desejos e particularidades que fazem parte da construção da identidade de cada sujeito. Ele possibilita uma conexão íntima consigo mesmo, com o prazer e com outras pessoas, ampliando a compreensão da própria sexualidade e fomentando, se feito em responsabilidade, um espaço de autoconhecimento, confiança e cumplicidade. Essa expressão vai muito além do físico, tocando o emocional e o psicológico, o que, para mim, torna o fetiche uma forma poderosa de transformação.

Para mim, o fetiche é uma jornada profunda e multifacetada que revela e amplia nosso entendimento sobre nós mesmos e sobre a sexualidade humana como um todo. Ele é uma expressão que, quando vivida plenamente e com autoacolhimento, permite um espaço para o florescer de uma maior autenticidade e aceitação, valores que julgo essenciais para fortalecer a comunidade fetichista. A sexualidade faz parte da experiência de TODOS NÓS.

2 – Qual é a importância da representatividade e da visibilidade para você dentro da comunidade fetichista brasileira, e como você planeja usar o título de Mr/MRS. Fetiche Brasil para fortalecer essa representatividade?

Para mim, representatividade significa ocupar espaços onde outras pessoas possam ver suas jornadas refletidas, sentirem-se reconhecidas e encontrarem apoio. É também uma posição de responsabilidade de educar e combater o preconceito e os estigmas que ainda envolvem o fetichismo. Ser representativo vai além de visibilidade individual; trata-se de abrir caminho para que outros possam viver com mais liberdade, respeito e segurança.

Como Mr. Fetiche Brasil, meu compromisso seria atuar como uma voz ativa que acolhe e educa, ajudando a desmistificar o fetichismo e a sexualidade humana com seriedade e respeito. Quero que minha visibilidade sirva para celebrar a diversidade da nossa comunidade e mostrar ao mundo que o fetiche é uma forma segura, saudável e transformadora de expressão, acessível a qualquer pessoa, independentemente de orientação ou identidade.

Meu objetivo é fomentar espaços de diálogo, acolhimento e educação, onde cada um possa sentir-se representado e acolhido. Ao mesmo tempo, quero colaborar e trazer visibilidade para eventos e iniciativas Brasileiras que promovam a inclusão e a educação, fortalecendo a comunidade e inspirando outros a explorarem o fetiche como uma jornada legítima de autoconhecimento e expressão.

3 – Quais são os maiores desafios que a comunidade fetichista enfrenta hoje e como você pretende atuar para superá-los?

Ao meu ver, a comunidade fetichista enfrenta como maior desafio o preconceito, a falta de compreensão e o estigma que ainda cercam essas práticas e expressões sexuais (os mesmos desafios que já atravessa o século). Embora hoje tenhamos, sem dúvida, uma maior abertura conquistada a partir de muita luta e representatividades, ela ainda é bastante limitada se comparada a abertura necessária para que possamos viver com integridade, liberdade e respeito. Acredito que, por meio da educação e da visibilidade, podemos desmistificar as práticas fetichistas. A acessibilização, viabilização e democratização do conhecimento são, para mim, os caminhos para mostrar ao público em geral que o fetichismo pode ser uma expressão saudável e segura, sempre pautada no respeito e no consentimento.

Acredito profundamente que precisamos promover uma cultura de acolhimento, educação, informação e apoio mútuo dentro de nossa comunidade. É importante que trabalhemos juntos para reduzir o preconceito entre diferentes identidades e práticas, promovendo um espaço inclusivo onde todxs possam se sentir respeitados, acolhidos e aceitos. Ao fortalecermos a união dentro de nossa comunidade, podemos enfrentar esses desafios com maior força, contribuindo para a construção de uma sociedade mais informada e aberta.

É fundamental apoiar e criar iniciativas que promovam conversas abertas, informativas e acolhedoras — como eventos de conscientização e espaços de diálogo, online e presenciais — onde a comunidade possa não apenas esclarecer suas dúvidas e fortalecer suas bases, mas também expressar suas dores e angústias em um ambiente seguro e acolhedor.

4 – Quais ações você gostaria de implementar para promover a inclusão e o acolhimento de pessoas de todas as orientações e identidades na comunidade fetichista?

Para promover o acolhimento de pessoas de todas as orientações e identidades na comunidade fetichista, gostaria de implementar ações que criem um ambiente inclusivo, onde cada expressão possa ser valorizada e apoiada.

Como já mencionei, acredito na importância de promover espaços acolhedores e seguros, tanto online quanto presenciais, onde as pessoas possam se expressar de forma livre e autêntica. Ser um promotor da inclusão e do acolhimento dentro da nossa comunidade exige ações bem direcionadas para a criação de ambientes em que todas as manifestações existenciais se sintam respeitadas.

Gostaria de implementar eventos e encontros educativos que celebrem a diversidade, onde membros de diferentes identidades possam compartilhar suas vivências e histórias. Essas trocas nos ajudam a construir um espaço que estimule o autoconhecimento, a autoaceitação e o reconhecimento de si mesmo nos outros que compartilham desse universo. Senso de Comunidade!

Acredito também que, com o apoio de minha formação acadêmica, seja possível organizar workshops sobre identidade, orientação e expressão pessoal no contexto fetichista. Isso criaria uma oportunidade poderosa de promover o entendimento mútuo e derrubar barreiras e estigmas, tanto externos quanto internos à própria comunidade.

Um local de acolhimento, onde as pessoas possam expressar suas dúvidas, vivências, inseguranças e desafios, é essencial. Espaços assim, com uma base de empatia e orientação promoveriam processos de transformação pessoal fortalecendo também os laços entre os membros e tornando a comunidade um ponto de apoio mútuo, onde todos possam viver e expressar suas particularidades com orgulho e segurança.

5 – Quais são seus objetivos a longo prazo como Mr. Fetish e que legado você gostaria de deixar para a comunidade?

Eu desejo deixar o legado da Liberdade e Possibilidade de Ser. Meu legado seria uma comunidade mais informada, onde as pessoas possam explorar suas identidades fetichistas sem medo ou vergonha, com acesso a recursos de apoio e educação. Eu luto em nome do futuro e das novas gerações de fetichistas que estão por vir! Compreendo que as dinâmicas sociais podem se transformar e que com uma frente ampla, representatividade e vozes ativas podemos batalhar para uma vida mais livre, onde todos sujeitos possam se sentir cada vez mais acolhidos, vivendo em um solo mais seguro e fértil para a manifestação de nossas subjetividades.

Desejo causar um impacto duradouro que inspire futuras gerações a viverem o fetichismo como uma forma saudável de prazer, autoconhecimento e conexões, construindo uma base de apoio e compreensão mútua que beneficie a todos.

6 – Conte-nos alguma situação engraçada ou que tenha sido divertida de alguma experiência fetichista que tenha vivenciado.

Uma situação divertida foram as sessões realizadas em dois dias com Dom Barbudo, Brenno Furrier e Cowboy no Estúdio 57.

No primeiro dia, havia muitos submissos: desde experientes até iniciantes, todos unidos pelo prazer em servir! Foi uma noite divertida e excitante, onde pude praticar e desfrutar junto a pessoas de quem confio e tenho grande apreço. Muitas práticas foram realizadas, incluindo açoites com flogger, adoração às botas, adoração aos Mestres, brincadeiras com toys, restrições físicas e muita dominação! Os sons de prazer eram constantes, provocados e escutados durante toda a noite.

No segundo dia, estávamos eu, Brenno, Dom Barbudo, SUB 557 e Ivis, um amigo submisso que visitava Brenno em São Paulo, todos novamente no Estúdio 57. Brenno comentou que havia trazido consigo um dispositivo de eletroestimulação muito interessante, e eu, sempre experimentalista, decidi experimentar a brincadeira! Testei primeiro em meu próprio corpo, explorando baixas e altas voltagens. Brenno, claro, não tem pena! (rsrs) Ele se deleitava com minhas risadas de prazer.

Depois, convidamos Ivis para participar da prática. Ele resistiu de início, mas logo cedeu aos próprios desejos e obedeceu ao comando dos Mestres – afinal, por que não experimentar, certo? Ivis sentou-se em meu colo, Brenno nos conectou usando os eletrodos (um em mim e outro nele) e acoplou um dispositivo de captação de som que provocava choques de alta voltagem toda vez que algum barulho era emitido! Assim, ficamos reféns dos sons da cidade e de toda sua vida – os carros, as pessoas, as buzinas nos estimulavam sem nem saber o que acontecia ali. Enquanto gravava a cena gostosa que se desenrolava, Dom Barbudo falava alto conosco em tons de provocação, sabendo que todas as suas falas acionariam os estímulos elétricos e nos eletrocutariam. (Pelo visto, tenho bons amigos Dominadores, hahaha!)

Enquanto eu me acabava em risadas, sentindo a eletricidade passar do meu corpo para o de Ivis, ele se contorcia em gemidos de dor, mas estava determinado a suportar todos os estímulos que nossos próprios sons provocavam ao serem captados pelo dispositivo. O silêncio, por sua vez, era rompido pelos sons inevitáveis da cidade, criando um ciclo interminável de estímulos elétricos.

Foram muitos minutos de experimentação, suor e diversão. Mais uma vez, encerramos esta experiência de confiança mútua e muito prazer!

Deixe uma mensagem para seus seguidores, apoiadores e a sua torcida!

Agradeço profundamente a cada um de vocês que me acompanha, apoia e torce por mim. Vocês são a força motriz para que eu continue acreditando em um futuro mais acolhedor, livre e inclusivo para a nossa comunidade. Desejo que cada um de vocês se sinta parte dessa luta, porque vocês são! Sejam autênticos, vivam suas verdades e ajudem a construir um espaço onde o fetiche seja compreendido como uma forma de prazer válida, de conexão e expressão pessoal. Independente de títulos ou competições, meu compromisso com a liberdade, inclusão e aceitação segue firme, e é uma honra representar cada um de vocês. Sigamos juntos nessa jornada!

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