Conceitualmente falando, avulsa é uma cena onde Top e bottom com interesses semelhantes em práticas se encontram, negociam e praticam. Simples, direto e sem dramas!
Tudo dentro de uma avulsa corre exatamente como qualquer sessão de BDSM: conversa, negociação, definições de práticas, safeword, Aftercare e tudo que se pode imaginar de uma sessão, nada diferente.
Avulsas dão aos participantes a possibilidade de experimentarem sensações, testarem técnicas, praticar o que estudaram e assim viverem o BDSM.
Avulsas, em quase sua totalidade, são cenas públicas feitas em eventos, em festas do meio, em clubes SM, contando, além da ambientação propícia pra isso, inclusive, com um Mestre que monitora e acompanha o desenvolvimento de todas as cenas com a prerrogativa até de encerrá-la, caso ele perceba alguma coisa está fora dos eixos.
Uma característica muito comum das avulsas em cenas públicas é a não existência de coito afinal, um clube de BDSM não é uma casa de swing.
Enfim, uma avulsa nada mais é do que uma cena de BDSM onde duas pessoas com os mesmos interesses se encontram e praticam. Sem a necessidade/interesse/busca por uma Ds, sem a obrigatoriedade de uma coleira. Somente uma forma de viver o BDSM.
A pergunta que fica é: por que ainda insistem em diminuir o “valor” de um BDSMer que decide viver sua vida com avulsas e playpartners? Por que é tão necessário para a “comunidade BDSM” que todo mundo esteja em Ds? Por que alguns participantes da comunidade acham que quem não quer se enfiar numa Ds “não é BDSMer?”, sem contar que o próprio conceito de Ds atualmente anda bastante deturpado …
Na minha singela opinião? Por quê esse povo não tem mais nada pra fazer além de ficar cuidando da vida dos outros! Simples!
Sem nenhuma pretensão aqui de levantar a bandeira das avulsas, embora eu seja particularmente adepta das avulsas e das playpartners para a minha vida, eu trago aqui um questionamento: que mundo é esse que as pessoas se jogam nas coisas sem ao menos conhecer onde estão se metendo? Como firmar uma Ds sem nunca ter tido uma avulsa com aquele parceiro? E se não houver sinergia? Pode parecer idiota esse meu argumento mas eu não vejo como duas pessoas podem assumir uma Ds sem nunca terem se visto cara a cara, sem o bottom nunca ter sentido o peso da mão do Top, sem o Top nunca ter ouvido um suspiro do bottom. Romântico? Eu não acho! Eu na verdade, acho bastante racional inclusive.
Uma outra perspectiva ainda de pensamento é: nem todo mundo quer uma Ds! E está tudo bem! Assim como nem todo mundo quer um casamento na vida baunilha! E está tudo bem também! Existem ‘n’ motivos que levam uma pessoa a decidir não estabelecer uma relação Ds. Esses motivos podem ser profissionais, emocionais, financeiros, de saúde e por aí vai afinal, cada um sabe onde seu calo aperta!
Ninguém é obrigado no BDSM a viver em Ds! Por que no BDSM ninguém pode ser obrigado a nada! A obrigação de se fazer ou se ser algo, anda na contramão da subcultura! O BDSM nasceu justamente para que as pessoas pudessem ser o que elas tivessem vontade sem correr o risco de serem abusadas por isso! E julgar se o coleguinha é ou não BDSMer porque ele vive ou não de Ds, é mais uma das inúmeras formas que o abuso se consolida no nosso BDSM! Julgar uma pessoa que decide viver em avulsas e playpartners, é tentar colocá-las em um quadradinho que não existe por aqui e que mostra, além de muito desconhecimento do BDSM, muito desrespeito também!
Óbvio que não estou falando que todo mundo tem que sair por aí desembestadamente fazendo avulsas, sem nenhuma responsabilidade, muito pelo contrário! O que estou querendo dizer, é que avulsas fazem sim parte do BDSM, e que as pessoas devem sim usufruir das avulsas com sanidade, segurança e consensualidade, sem o medo de serem ou não serem validados como “inferior” pela comunidade.
Avulsem meus queridos!
Sejamos todos felizes!
Sra Storm
TEXTO CEDIDO PELA SRA STORM DA SUA PÁGINA DO INTAGRAM @darkroomcla COM CONTEÚDO INSTRUTIVO DA SUBCULTURA KINK E BDSM
AUTORA: SRA STORM
Chef de cozinha e empreendedora da área de alimentos e no BDSM Top dedicada às práticas de Wax Play, Flogging, Branding, Castidade e Inversão e algumas outras pequenas perversões!