De todas as práticas classificadas como “edge play”, talvez a que mais cause alvoroço e confusão para muita gente seja o Rape Play.
Tenho visto muita, mas muita gente mesmo postando em caixinhas de perguntas, em “stories”, que o sonho delas é fazer rape play. Mas você realmente sabe o que é essa prática? Você realmente têm noção do que essa prática pode causar, tanto física quando psicologicamente na sua cabeça?
Rape play não é fazer sexo amarrada ou algemada. Rape play não é fazer sexo com uma pegada mais forte. Rape play é rape play. E rape significa estupro, para quem não conhece o termo em inglês.
Não estou dizendo que esta prática não é consensual. TUDO dentro do BDSM, DEVE e PRECISA ser consensual. O ponto é que esta prática em particular, têm suas próprias particularidades e nuances.
Mas o que isso significa? Significa que você dizer que curte rape play, é dizer que você tem o desejo de simular um sequestro seguido de estupro e, neste caso, esqueça aquele joguinho do “pára, tá bom, tô satisfeita, tá doendo”. Rape play vai mexer profundamente com teu emocional, com teu psicológico, com teu físico. Rape play vai te ressignificar como ser humano, vai te objetificar como pessoa. E o rape play vai acontecer quando você menos esperar!
Por mais que você sonhe, imagine e se excite com essa ideia, executá-la não é tão simples assim.
Eu sempre digo que para qualquer prática é preciso ter muito diálogo entre Top e bottom. E no caso do rape play, multiplique esse “muito” por 10 elevado à 10a potência. Ambos precisam estar absurdamente resolvidos no quesito emocional. Ambos precisam estar absurdamente resolvidos na questão física. Por que? Porque é uma prática absurdamente tensa e exaustiva para ambos.
Os acordos, os combinados, as pessoas envolvidas, os acessórios que serão usados, a “safeword” (palavra de segurança), o aftercare, toda a prática em si precisará ser muito bem definida, muito bem detalhada e esmiuçada à exaustão. E uma vez tudo isso combinado, o dia da prática será definida e escolhida pelo Top. E não, você não vai saber quando a prática ocorrerá.
Agora vamos criar uma situação hipotética. Você está na rua, passeando, totalmente despretensiosa quando é abordada por dois sujeitos que te dominam e te colocam no porta-malas de um carro. Você está amordaçada e algemada em um porta-malas, andando por um certo tempo sem saber o destino. De repente o carro pára, os dois te tiram do carro, te levam para um galpão, casa ou sítio, te prendem a uma cama e te deixam ali. E ali você fica, por horas, até que alguém entra e resolve te usar sexualmente.
Será que você, em algum momento, vai conseguir pensar e lembrar que toda essa experiência faz parte do teu desejo em praticar rape play? Será que você vai ter a mínima condição de raciocinar com clareza e não ter um surto? E você Top, será que têm a força (tanto física quanto psicológica) para quebrar o bottom dessa maneira e depois trazê-lo de volta? Vocês já pararam para pensar no aftercare de uma prática como essa?
Mesmo com uma safe totalmente arbitrária, totalmente fora de qualquer contexto, ou mesmo um objeto específico, como por exemplo o Top usar o relógio no pulso errado ou um perfume específico, você realmente acredita que lembrará destes detalhes durante a prática, durante a parte do sequestro ou do aprisionamento?
Quem me conhece pessoalmente sabe que eu sou bem sádico e sabe que eu já estou no meio a um bom tempo. E mesmo depois de todo este tempo, eu nunca fiz essa prática. E olha que eu tive uma posse que curte muito isso, que têm uma estrutura emocional e psicológica enorme, mas, mesmo assim, eu não fiz.
Não confunda sexo apimentado com rape play. Não confunda uma pegada mais forte com rape play. Rape play não é brincadeira. Rape play não é leve. Rape play não é um fetiche ou um desejo qualquer.
AUTOR
SENHOR ASGARD
Sádico e Dominador.
A palavra que melhor me define é sem dúvida “Intensidade”.
Entre minhas paixões destacam-se a fotografia, música, literatura, cinema e tecnologia.
Sou criativo e bem-humorado, sem deixar de ser firme em minhas convicções.
Sou alguém que apesar de abraçar certos padrões, não me limito por eles, sempre consciente de que acima de qualquer rótulo está o ser.
Minhas decisões e atos são guiados por minha lógica clara e direta, porém há sempre espaço para surpreendentes improvisações.
Observador e Detalhista.
Para mim, tudo importa. E muito pouco (ou nada) passará despercebido.
Como Dominador, espero de minha submissa inteligência e proatividade.
Sou exigente e ambicioso. Jamais me contentaria com atitudes de passividade e estagnação.
Como Sádico, desejo dar sempre um passo a mais.
Sou responsável, porém audacioso. Assisto ao sofrimento com prazer. Quando esse meu lado encontra quem realmente o satisfaça, os limites são superados e o prazer ganha uma nova dimensão.
Como pessoa, sou gentil e atencioso.
Me importo pouco com as impressões alheias. Vivo a meu modo, sem máscaras, sem excessiva diplomacia. Deixo claro minhas discordâncias e desafetos. Falo com o olhar. Sou honesto comigo mesmo.
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