24/07 é o Dia Internacional do BDSM (acrônimo para a expressão Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), a Gata de Rodas resolveu conhecer mais sobre essa prática, esse estilo de vida que é adorado por uns e muito questionado por outros… além de desmistificar a ideia de que o BDSM se resume a práticas sexuais exploradas de forma caótica, importante enfatizar a importância dos parâmetros e dos limites impostos pela regra do SSC (São, Seguro e Consensual) na prática do BDSM, a saber:
- São: os envolvidos devem gozar de saúde física e mental, além de estarem conscientes da situação, visando a integridade e a saúde dos envolvidos
- Seguro: deve ser praticado com disciplina, técnica, asseio e de forma preventiva contra as doenças venéreas e as DST’s
- Consensual: as partes devem estar em comum acordo e seus limites devem ser respeitados.
Bom o meu primeiro contado com o BDSM aconteceu em 2016 na Erótika Fair, a maior feira erótica da América Latina, onde a Gata de Rodas além desfilar no Desfile da Diversidade, ela acabou também fazendo alguns amigos BDSMers.
E agora você deve estar se questionando:
Pode uma cadeirante ou mesmo um deficiente físico ser adepto, praticante de BDSM?
Depois que eu divulguei as redes sociais as fotos da Gata de Rodas no Luxúria, eu logo pensei:
“Lá vem bomba!”, ou seja, vou ser massacrada pela crítica do segmento da sociedade que mesmo sem querer tratar a deficiência como se fosse criança, no pensamento ingênuo de achar que a pessoa com deficiência não tem prazer, não erotiza, não tem tesão e muito menos transa.
Mas, para minha surpresa a repercussão foi positiva no sentido de quebrar o tabu da sexualidade da pessoa com deficiência que se sentiram à vontade para me revelar as suas fantasias e fetiches, tanto que eu recebi um pedido muito fofo de um deficiente amigo meu que queria ser meu submisso, e também fui procurada por alguns outros deficientes que no meu inbox e no meu PVT das minhas redes sociais, se declaram dominadores e submissos. E é baseada nesse “agito” que eu vou “passar a visão” e responder a pergunta acima:
- Pelo visto, pode sim, porque já tem!
Porém, seria imprudente da minha parte não acrescentar depois do vasto aprendizado adquirido sobre “DST’s e Cuidados na Prática BDSM”, que por medidas de segurança, essa inserção vai depender do tipo e do grau da deficiência, porque como eu pude observar, o BDSM é um espaço aberto a diversidade, mas para quem nele quiser se aventurar, é importante sempre respeitar as limitações do corpo e da mente isso vale para qualquer pessoa, independente de ser deficiente ou não.
Apesar de não ser uma referência confiável, o viral Cinquenta Tons de Cinza, tornou o BDSM mais conhecido na sociedade, mas isso não quer dizer que essa prática, esse estilo de vida passou a ser mais aceito e compreendido por todos. Ainda paira muito medo, preconceito e desconfiança em relação os BDSMes e por isso muitos optam pelo anonimato invés de mostrarem quem realmente são e gostam.
Mas, quem são os BDSMers?
São pessoas com as quais muitas vezes compartilhamos o nosso seu dia-a-dia, seja porque é nosso amigo de faculdade ou do trabalho, ou aquela vizinha com a qual sempre trocamos aquele dedinho de prosa no portão de casa, ou até mesmo aquela prima que adoramos e que sempre nos dá ótimos conselhos sentimentais, enfim, são gente como a gente que entre tantas coisas: assistem novela, viajam para a praia no fim de semana prorrogado, fazem “churras’ com a família no domingo, vão ao cinema, beijam na boca e casam e tem filhos, entre outras coisas do cotidiano.
Só que enquanto o padrão baunilha de sexo, erotismo, fantasia e etc e tal se resume para os mais liberais no famoso clichê que diz que em “entre quatro paredes vale tudo”, sendo que na verdade esse ‘vale tudo’ não passa de um tempero que pega emprestado alguns elementos e técnicas do vasto rol de práticas que prometem apimentar os relacionamentos na busca do prazer e que também não foge muito do padrão imposto pelo sexismo.
Nas relações BDSM com e sem sexo, por sua vez, há o surgimento de diversas figuras, como: a do dominador e o submisso, o sádico e o masoquista, escravos, switches, entre outros, sendo que apesar da nomenclatura, nenhum dos envolvidos é superior ao outro considerando que todos devem lograr da prática e podem interrompê-la sempre que tiverem vontade.
Assim, enquanto baunilhas se valem do controverso mito popular “entre quatro paredes vale tudo”, que instiga a imaginação, mas não deixa claro sobre as regras e os limites, por outro lado, ouve-se muito que “BDSM que não é para os fracos” por incluir na sua prática chicotes, cordas, coleiras, máscaras, velas, tortura, consolos, pregadores, vendas para os olhos, mordaças entre outros “brinquedos” e acessórios, mas seja ela leve moderada ou hard ou, simplesmente, envolvendo ou não dor, sempre existe a safeword previamente combinada a qual se pode recorrer.
No BDSM não é necessário que haja uma relação afetiva-amorosa e nem que tão pouco que ela seja heteromonogâmica, porém é imprescindível que haja respeito e confiança, que tudo seja SSC (são, seguro e consensual) e prazerosa para os envolvidos.
Então qual é a melhor a relação: a baunilha ou BDSM?
Nenhuma é melhor ou pior que outra. É simplesmente uma questão de preferência, afinal só você sabe o que realmente te excita e te dá prazer!
AUTORA
Ivone de Oliveira – A GATA DE RODAS
Blogueira e digital influencer.
Personalidade: Uma mulher decidida e poderosa, manhosa as vezes e uso as minhas garras sempre que necessário.
gataderodas@outlook.com