Não é novidade que buscamos nos espelhar sexualmente no corpo do outro, na transa do outro, no que posta o outro e diversas vezes acabamos na areia movediça da insatisfação sexual.
Seu corpo é só seu. Seu prazer é seu. Seu orgasmo é seu. Seu tesão é seu. Seus fetiches são seus.
No encontro sexual tudo que é seu vai se unir com tudo aquilo que é de outra pessoa e diversas variáveis irão combinar para fazer a química bater… ou não. Quando eu digo que é “SEU” me refiro a dizer que você entende ou precisa entender o que geralmente te causa prazer e buscará isso em pessoas com finalidades semelhantes.
Eu posso achar alguém lindo, gostoso e interessante, mas ao beijá-lo, sentir que não bateu, o que fará minha resposta de excitação nessa pessoa diminuir e vice-versa. Vai de mim e de quem está comigo decidir se continuamos e tentamos aprender o que o outro gosta, criando formas de experimentar coisas diferentes ou desistirmos. Só não é válido cultivar a crença de que “se chamou pra transar, tem que transar sem frescura”. Não, ninguém deve fazer nada forçado porque nos filmes ou vídeos de internet é assim. Respeite seu corpo e seu prazer da mesma forma como o corpo e o prazer do outro necessitam ser respeitados.
Assistir menos pornô e começar a criar o próprio enredo sexual respeitando os próprios limites e os de quem está conosco, aventurando-se dentro das próprias normas, desenvolvendo a própria frequência sexual é uma playlist muito mais assertiva do que acreditar que sexo só é bom se feito em abundância. Existem pessoas que transam muito e pessoas que quase não transam. Quem faz muito sexo pode acreditar que está super bem e em vantagem em relação a quem quase não faz, que por vezes é lido como um sujeito problemático. Não existe certo ou errado, melhor nem pior. Existem ritmos diferentes com limites individuais que precisam ser respeitados.
Sexo não precisa ser só penetração, mas há pessoas que fazem questão disso.
Uma lingerie sensual pode ser extremamente envolvente ou totalmente brochante.
Pessoas podem conseguir por um pinto inteiro na boca, pessoas não.
Sexo anal pode ser extremamente prazeroso ou totalmente desconfortável.
Entenda seu ritmo sexual e perceba se a melodia é a mesma do seu crush.
Ter vontade é diferente de poder fazer. E essa vontade é sua mesmo ou foi imposta sem você nem perceber?
AUTOR
RIGLE GUIMARÃES
Psicólogo e Terapeuta Sexual com foco no público LGBT+ e abordagem de comportamentos sexuais variados.
Instagram: @psicorigle com conteúdo voltados a questões que vão da saúde mental à sexualidade.
Uma resposta
Excelente reflexão! É muito difícil alinhar o ritmo sexual com outra pessoa. Com o tempo e, à medida que conhecemos nosso parceiro, as coisas se afinam um pouco. Mas há diferenças que persistem. E, pegando carona em outro post desta semana, como amor e sexo são coisas distintas, não há razão para não podermos ter outras experiências ao longo da vida para que nos tornemos plenos e realizados.