Este texto foi produzido a partir de uma tarefa para um submisso, mas o resultado ficou tão claro, objetivo e esclarecedor que será usado como um conteúdo didático, para que os leitores possam entender como se estabelece o mecanismo psicológico da Humilhação que transforma-se em Prazer, sem deixar de existir o respeito e baseado sempre na consensualidade.
O texto foi produzido pelo Tiago, que a partir de então ganhou meu respeito e admiração e que em breve torna-se-á um número no meu catálogo de Fetichistas.
Por hora, aproveitem o seu texto.
Me chamo Tiago e o Mestre Dom Barbudo me autorizou escrever um texto sobre o que significa pra mim ser submisso e sofrer humilhações enquanto adepto do BDSM. Em primeiro lugar, “sofrer” é uma palavra que precisa ser repensada. No universo BDSM não existe sofrimento. Isso existe lá fora, nos problemas que nos afetam, na nossa rotina de trabalho e de crescimento profissional. Sem falar nos conflitos familiares ou com outras pessoas. A dor física, por vezes presente em algumas práticas, dá lugar ao prazer ao invés de sofrimento. O universo fetichista existe justamente para aliviar a pressão que trazemos do cotidiano.
Quando estou cumprindo meu papel sexual de escravo submisso, só o que importa é reconhecer minha condição de inferioridade e a de superioridade do meu dominador. O prazer será para ele e em função dele. Qualquer forma de toque que eu venha fazer em meu próprio corpo, será porque o Mestre pediu ou autorizou. É assim que tem que ser! Mas não pensem que isso seja ruim ou desconfortável. Ser posto numa condição subalterna é extremamente prazeroso e gratificante. Primeiro, porque nos põe num patamar de utilidade e prestatividade: quem não quer desempenhar uma função que seja útil e reconhecida? Depois, porque temos o privilégio de satisfazer aquele a quem tanto apreciamos: o dominador Alpha. Vê-lo feliz e satisfeito nos proporciona uma sensação inexplicável!
É por tudo isso que sou contra associar a submissão a algo negativo ou irrelevante. Aceitar ser submisso, envolve estar bem resolvido com as implicações que decorre disso. É muito triste constatar que alguns desejam estar submissos apenas para satisfazer a si próprios, sem nem se preocupar com o que o dominador realmente gostaria de fazer ou receber. Que fique claro que a posição dom x sub precisa de estar bem definida e resolvida entre os envolvidos. O relacionamento é calcado no respeito, na cumplicidade, e na valorização mútua das funções desempenhadas. As práticas BDSM não admitem relações abusivas que desrespeitem a dignidade e a liberdade. Mesmo as situações mais degradantes só ocorrem porque houve um diálogo antes, decidindo isso.
Em suma, Humilhação e BDSM em geral, não existem para oprimir. Existem para entreter e possibilitar a liberação dos desejos secretos. Qualquer um está convidado à repensar os valores morais que carrega e ver se realmente vale a pena continuar sofrendo ao reprimir fetiches ou ser feliz liberando e compartilhando com alguém que saiba apreciar junto!