Segundo alguns dicionários, desconstruir é o ato e/ou processo de destruir o que já está construído, solidificado. Então desconstruir preconceitos, em uma definição simplista, seria derrubar paradigmas e preconceitos aprendidos desde que nos entendemos e nos reconhecemos como indivíduos.

O que mais leio hoje em dia é uma necessidade de exigir que o bottom faça essa desconstrução, seja para aceitar uma irmã de coleira, para aceitar uma avulsa ou para aceitar que o Top possa ter outras parcerias, mas ele, bottom, não. E antes que alguém torça o nariz e interprete de forma equivocada o que eu acabei de escrever, estou me atendo ao seguinte cenário:

Uma D/s firmada entre um Top não-monogâmico e um bottom solteiro, onde a questão é sobre o bottom poder ou não ter um relacionamento, envolvimento, ficante, rolê etc. baunilha com outras pessoas.

Dito isso (e espero que você realmente tenha entendido o contexto/cenário), que me desculpem os mais “conservadores”, mas não, não são apenas os bottoms que precisam se desconstruir. Muitos Tops precisam urgentemente dessa mesma desconstrução. E precisam para ontem!

Muitos podem dizer: “Ah, mas é prerrogativa do Top ter quantas posses ele quiser!”.

Sim, é. E muitos Tops fazem uso dessa prerrogativa. E eles têm todo o direito – se fazem de forma responsável e se são 100% plenos com cada uma de suas posses é outra história. Assim como, se um Top optar por dar exclusividade para um bottom, está tudo certo e no direito dele também.

Ocorre que eu já ouvi que um Top, para ser Top, precisa ter mais de uma posse, porque se tiver apenas uma posse, ele não é Top. Isso é de um machismo tão chulo, tão escroto, que nem vou entrar no mérito. E aqui quero reforçar que, para mim, machismo não se limita apenas ao gênero masculino. Existem muitas Tops mulheres que são tão machistas quanto.

Já vivi os dois cenários. Já tive D/s exclusiva e já tive D/s com mais de uma posse. E quando tive D/s com mais de uma posse, foram 2 posses. Poderia ter mais? Sim, poderia, mas seria leviano se tivesse mais, porque eu me conheço e conheço a minha forma de dominar. Sou muito intenso em minhas relações e, por ser assim, o desgaste físico, emocional e psicológico seriam enormes se eu optasse por ter mais do que duas posses.

Embora muita gente ainda pense (e acredite) que Tops não têm limites, saibam que sim, nós temos. E como Top, tenho que ter responsabilidade e maturidade para entender e aceitar meus limites.

Preciso ser responsável com quem está sob meus cuidados, afinal, como sempre digo, antes de enxergar o bottom, eu enxergo o ser humano.

Às vezes me parece que ter mais de uma posse é apenas uma questão de status, uma forma de se validar como Top. Existe mesmo uma necessidade tão grande ter vários bottoms? É tão importante assim ter mais de uma posse? Quantos Tops realmente precisam ter mais de uma posse e quantos Tops têm várias apenas por ter? Onde termina a diversão e o prazer saudáveis e onde começa a tentativa de fortalecer um ego frágil ao custo da saúde mental dos bottoms?

Não quero condenar, desmerecer ou invalidar Tops que têm mais de uma posse. Realmente acredito que muitos precisem ter, seja por conta dos seus fetiches, pelas práticas que gostam ou mesmo pelo perfil de cada posse. Meu objetivo é propor reflexão: quão responsáveis e coerentes os Tops são (e eu me incluo nisso) ao decidirem quantas posses terão?

Se formos honestos, a desconstrução se aplica a ambos e não apenas ao bottom. E não apenas a essa questão, mas em várias outras. Confesso ter precisado fazer essa desconstrução em várias áreas. E algumas não foram assim tão fáceis, mas foram necessárias. E não, eu ainda não me desconstruí totalmente, mas estou caminhando para conseguir.

Para mim o grande problema é alguns Tops associarem essa desconstrução com fraqueza ou pensar que ao se desconstruir serão menos Tops. Sendo bem honesto, é preciso ter muito culhão para assumir e admitir que está equivocado. E é preciso ter mais culhão ainda para entrar neste processo de desconstrução. É muito fácil ficar na zona de conforto, usando jargões e prerrogativas em vez de dar um passo fora da caixinha e fazer o certo.

Não sou dono da verdade e nem tenho a pretensão de ser. Também não estou aqui para ficar ditando e/ou criando regras. Mas se quisermos uma comunidade minimamente saudável, com pessoas que são coerentes com seus discursos, está na hora de cada um cutucar a própria ferida, olhar para o próprio umbigo, aprender a ter um pouco mais de humildade e começar a repudiar todo e qualquer vício que remeta a esse tipo de comportamento tóxico.

AUTOR

SENHOR ASGARD

Sádico e Dominador.

A palavra que melhor me define é sem dúvida “Intensidade”.

Entre minhas paixões destacam-se a fotografia, música, literatura, cinema e tecnologia.
Sou criativo e bem-humorado, sem deixar de ser firme em minhas convicções.

Sou alguém que apesar de abraçar certos padrões, não me limito por eles, sempre consciente de que acima de qualquer rótulo está o ser.
Minhas decisões e atos são guiados por minha lógica clara e direta, porém há sempre espaço para surpreendentes improvisações.

Observador e Detalhista.
Para mim, tudo importa. E muito pouco (ou nada) passará despercebido.

Como Dominador, espero de minha submissa inteligência e proatividade.
Sou exigente e ambicioso. Jamais me contentaria com atitudes de passividade e estagnação.

Como Sádico, desejo dar sempre um passo a mais.
Sou responsável, porém audacioso. Assisto ao sofrimento com prazer. Quando esse meu lado encontra quem realmente o satisfaça, os limites são superados e o prazer ganha uma nova dimensão.

Como pessoa, sou gentil e atencioso.
Me importo pouco com as impressões alheias. Vivo a meu modo, sem máscaras, sem excessiva diplomacia. Deixo claro minhas discordâncias e desafetos. Falo com o olhar. Sou honesto comigo mesmo.

REDES SOCIAIS

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ALECRIM DOURADO

NÃO É NÃO

SILENCIAMENTO

RAPE PLAY

Uma resposta

  1. Sempre acredito que o diálogo é a melhor solução pra tudo. Como citei há pouco tempo num comentário que fiz num artigo da bela, depois de revelar seus fetiches pro mundo o que há de mais difícil pra conversar?
    Um segundo ponto é o quanto se deve valorizar a opinião de terceiros. Muita gente busca comprar carros chamativos, faz posts fantásticos em redes sociais apenas para causar admiração ou inveja dos outros… e isso é de um vazio interior absurdo. Quem se garante não liga pra opinião dos outros, faz aquilo que lhe agrada.

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