Sexo em banheiro público sempre foi tabu, mas é impossível negar que ele exista ainda que configure atentado ao pudor.
Antes da popularização da internet, do grindr, das salas de bate papo e dos sites de relacionamento que trouxeram uma verdadeira revolução na pegação gay; um universo exclusivamente masculino onde se tem o espelho pra trocar olhares, o mictório pra checar o “material” e a cabine pra ir pro reservado, sem codificar quem é gay ou hetero, casado ou solteiro, a pegação no banheiro se configura como um submundo que conta com silenciosas regras de conduta enquanto os personagens vivem um misto de tesão e tensão.
E se falar sobre sexo na nossa sociedade ainda é um tabu imenso, imagine falar sobre práticas sexuais em locais públicos e entre homens! Todo mundo já deve ter visto, muita gente faz, mas somos orientados a discriminar na tentativa de tapar o sol com a peneira.
Para uma parcela da geração que nasceu na era da tecnologia, notebooks e smartphones são imprescindíveis para marcar um encontro com mais conforto e segurança, mas antes de julgarmos de maneira um tanto pejorativa determinados comportamentos de alguns homens é necessário recordar que quando a internet nem existia e mesmo depois dela (falando em relação aos caras que não se adaptam as novas tecnologias), os banheiros de parques, faculdades, academias, cinemas, clubes e saunas foram e vão continuar sendo um local de vivência da sexualidade.
Mesmo taxado pela sociedade em geral de “atentado ao pudor”, os banheiros se tornaram escape para homens transarem e realizarem as mais diversas fantasias. É perfeitamente um local onde a classe social, cor e aparência física não interferem no desejo.
Em épocas mais desafiadoras para vivenciar a homossexualidade, o banheiro foi o grande herói, permitindo encontros bem sucedidos entre dois ou mais caras ao mesmo tempo. Nem mesmo as polêmicas que ganharam notoriedade na mídia com o intuito de barrar o banheirão (como aconteceu em determinada época no shopping Frei Caneca e em algumas academias famosas de SP), conseguiram extinguir essa vivência.
Mas e as pessoas que não se sentem à vontade com essa prática? E o respeito pelo outro que está ali apenas pra fazer suas necessidades fisiológicas?
Fica aí a reflexão sobre empatia, mas o que não se pode negar é que julgar o próximo por uma determinada prática sem buscar conhecimento e entendimento sobre, é emasiado preconceituoso, afinal: “quem não tem teto de vidro que atire a primeira.
AUTOR
RIGLE GUIMARÃES
Psicólogo e Terapeuta Sexual com foco no público LGBT+ e abordagem de comportamentos sexuais variados.
Instagram: @psicorigle com conteúdo voltados a questões que vão da saúde mental à sexualidade.
Uma resposta
Lembrei da música “Outside” do saudoso George Michael, lançada no início dos anos 2000 quando ele foi preso por fazer banheirão em Los Angeles. Embora eu seja nascido na década de 1970, não cheguei a realizar esta prática até recentemente e em locais exclusivamente gays, por medo mesmo. Entendo e concordo com a necessidade de respeitar os demais, mas no meu caso confesso que o respeito ocorre mais por medo de agressão do que por empatia.